Por Dr. Alberto Gonzalez
O sistema digestivo, após uma refeição,  usa de todos os recursos para obter os nutrientes que irão sustentar a  vida. Basicamente são: enzimas que degradam gorduras, proteínas e  carboidratos, ácidos e bases para 'digerir' grandes moléculas,  emulsificantes, quelantes, um verdadeiro laboratório bioquímico, à nossa  disposição. Tudo funcionando naturalmente, permitindo que aquilo que  usamos como alimento possa ser transformado em nutrição e energia. 
O tubo digestivo deve ter a capacidade  de selecionar o que é bom (nutrição) e o que é ruim (excreção).  Defender-se de um intruso com más intenções, e manter os que pegam  carona e nos ajudam: das bactérias. São em média um quatrilhão de  bactérias que, dependendo da alimentação, podem ser grandes amigas ou  grandes inimigas da saúde.
Para manter essa enorme população de  bactérias, nem sempre pacíficas, as paredes do tubo digestivo contam com  a maior massa de tecido do corpo humano: o sistema de células M e as  placas de Peyer. Esse sistema imunológico pode  identificar e destruir microorganismos e moléculas que não nos servem ou  selecionar e absorver moléculas complexas que sejam necessárias à  economia e saúde do organismo.
Os processos digestório e imunológico  permitem a absorção de enzimas da dieta, e podem neutralizar e destruir  bactérias nocivas ou relacionar-se diplomaticamente com elas, e até dar  suporte a populações de bactérias benéficas.
Se ingerirmos alimentos cozidos antes de  um exame de sangue (café com leite e pão com manteiga por exemplo),  nosso corpo iniciará uma resposta imune que eleva a contagem de glóbulos  brancos a um valor parecido ao de uma apendicite aguda. Essa resposta  orgânica é chamada de leucocitose digestiva. É por isso que os  laboratórios pedem sempre que se fique em jejum antes de um exame de  sangue. Esse fato, entretanto, não ocorre após a ingestão de alimentos crus.
As bactérias podem gerar efeitos diametralmente opostos na nutrição e vitalidade, dependendo do seu gênero:
•  Benéficas: trabalharão incessantemente fermentando, degradando,  digerindo, produzindo vitaminas (como as do complexo B), interferon (o  mais potente remédio contra os vírus), antioxidantes, degradando  colesterol nocivo e mantendo nosso sistema imune estável, saudável e ativo.
Elas se nutrem basicamente de fibras e  alimentos de origem vegetal, principalmente os íntegros,  maduros e  frescos, ou seja, não refinados, cozidos, fritos, aditivados ou  congelados.
•  Nocivas: trabalharão incessantemente produzindo colesterol nocivo,  enterotoxinas, produtos carcinogênicos e imunodepressores, radicais  livres e tornando o sistema imune instável, deprimido e auto-agressivo.
Elas se nutrem de alimentos industrializados e vazios de nutrientes, açúcar, refinado( sacarose), farinhas e amidos refinados, aditivos sintéticos, produtos de origem animal.
Anatomia inteligente dos intestinos
Apesar de ocupar um pequeno espaço  dentro do abdomen, as pregas intestinais fazem com que a área do  intestino aumente 3 vezes. Um aumento adicional de sete a dez vezes é  garantido por centenas de milhares de pregas minúsculas: as vilosidades.  E, ainda por cima, dentro das vilosidades, na borda das células  intestinais, estão as microvilosidades (bordas em escova) que fazem essa  área aumentar mais 15 a 40 vezes. E é nesses recantos que as bactérias  habitam mas, a qualidade delas determina a nossa saúde.
Hipócrates afirmava em 400 a.C. que  somos aquilo que comemos. Verdade absoluta, mas hoje a ciência da  probiótica deixa claro que: Somos o que temos de bactérias em nosso intestino. 
Os alimentos cozidos, irradiados, embutidos, os açúcares  e as gorduras saturadas são os alimentos prediletos de bactérias  hostis. Alimentando-se assim, mantemos em nosso intestino um viveiro de  serpentes venenosas, que transformam tudo o que aparece em toxinas  fortíssimas e degradam substâncias presentes nessa forma de dieta, em  produtos que fabricam o câncer, podendo agir diretamente na parede do  intestino ou ser absorvidos, gerando um enorme problema para nosso corpo  se livrar. Causa surpresa que esses alimentos sejam considerados  inofensivos pela Saúde Pública.
Michael Gershon, um eminente pesquisador americano, publicou em 2002 o livro O segundo cérebro. Simultaneamente, no Brasil, foi publicado pelo Dr. Helion Póvoa o livro 
O cérebro desconhecido: 
Nosso tubo digestivo, feioso, na  obscuridade abdominal, capaz de produzir puns e coco, é na verdade um  cérebro sensível, pensante, emocionável, irritável, magoável. Além de  ter memória emocional, é capaz de emitir sinais transmissores sutis ao  cérebro branquinho e chique lá de cima, na cabeça.
Assim, o que temos nos intestinos pode  influenciar nosso pensamento e felicidade. De forma análoga, a ciência  comprovou que o uso de tranquilizantes ou terapia pode fazer uma pessoa  melhorar no âmbito psicológico, mas se nada mudar na alimentação, os  intestinos desses mesmos indivíduos continuarão a apresentar suas  próprias psiconeuroses.
Existem milhões de neurônios no tubo  digestivo, fazendo-o senhor de seu próprio controle, e há relativamente  poucas conexões com o sistema nervoso central, além das fibras vagais. 
O  que é mais surpreendente ainda: se fossem desligados de vez todos esses  circuitos integrativos, ainda assim o tubo digestivo seria capaz de  funcionar com algum grau de coordenação. Segundo Gershon, "a voz do  cérebro certamente se faz ouvir no intestino, mas não em linha direta  com todos os membros da congregação entérica”. Esse e outros fatos  comprovados pela ciência levaram os fisiologistas a determinar o que  hoje se denomina de "divisão entérica" do sistema nervoso, ou seja, a  parte do sistema nervoso relativa especificamente aos intestinos.
O tubo digestivo tem importantes efeitos  sobre o comportamento humano. E um complexo computador de informações  do ambiente que pode harmonizar-se com o hospedeiro ou rebelar-se contra  ele.
O maior mediador do pensamento, a serotonina, tem 95% de sua produção nos intestinos.
Se considerarmos ainda que os intestinos  possuem funções de regulação de todas as glândulas do corpo, que é  estratégico para a formação do sangue, que é a base de nossa imunidade, e a origem de nossa alegria interior e bem-estar, poderemos afirmar: A paz começa nos intestinos.

 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 




 
 
 


 
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1 comentários:
Puxa, AnaLuz,
Que matéria!
Eu nunca poderia imaginar que o nosso tubo digestivo tivesse tamanha influência em nosso pensamento e felicidade. Muito interessante!
Beijos.
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