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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)


O que é o TDAH?
Certamente você já ouviu falar ou já conviveu com um menino irrequieto, excessivamente agitado, que não pára um minuto, "ligado na tomada de 220 volts", que tem "bicho-carpinteiro". Ou então uma menina avoada, distraída, que está sempre "viajando nas nuvens", no "mundo da lua".
Essas características estão presentes no TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade). O TDAH é um transtorno mental típico da infância, atingindo cerca de 4% das crianças, e que pode persistir por toda a vida. É mais freqüente em meninos que meninas, numa proporção aproximada de 2:1 e ocorre no mundo todo.
Sabe-se hoje que ela decorre de fatores genéticos e ambientais; é freqüente que na família de um portador de TDAH haja outros parentes (em geral pais ou irmãos) com a mesma doença. Os fatores ambientais mais bem estudados estão relacionados a complicações durante a gestação. É bem sabido que o TDAH é um tipo de doença cerebral, cujas alterações biológicas vêm sendo muito estudadas. Isto é importante, pois é preciso superar o preconceito de que se trata de crianças "burrinhas" (como frequentemente são chamadas aquelas muito distraídas) ou "mal-educadas" (as hiperativas).
Os sintomas no Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
As principais queixas estão descritas no próprio nome da doença: dificuldade de manter a atenção e hiperatividade-impulsividade. Na criança o principal prejuízo ocorre na escola: a criança não consegue se concentrar na aula, distrai-se com facilidade, comete erros por distração embora saiba a matéria.
A hiperatividade-impulsividade se manifesta pela dificuldade de permanecer sentada por tempo prolongado (por exemplo, na sala de aula), movimenta-se na cadeira, mesmo parada continua mexendo os pés ou mãos, tem atitudes precipitadas, freqüentemente interrompe os demais, não consegue esperar por sua vez, tem explosões exageradas de raiva.
Para se chegar ao diagnóstico de TDAH na criança, é preciso que vários destas queixas (Veja TABELA) estejam presentes em pelo menos dois ambientes diferentes (por exemplo, na escola e em casa). É também necessário que o inicio da doença tenha sido antes dos 7 anos de idade e que os sintomas causem prejuízo significativo no cotidiano da criança. Na maioria dos casos, há uma combinação dos sintomas de desatenção e de hiperatividade-impulsividade; menos freqüentemente, há predomínio apenas dos sintomas de desatenção ou de hiperatividade-impulsividade.

TABELA: Sintomas para diagnóstico de TDAH na criança
1. Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete erros por descuido nos trabalhos da escola ou tarefas.
2. Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades de lazer.
3. Parece não estar ouvindo quando se fala diretamente com ele.
4. Não segue instruções até o fim e não termina deveres de escola, tarefas ou obrigações.
5. Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades.
6. Evita, não gosta ou se envolve contra a vontade em tarefas que exigem esforço mental prolongado.
7. Perde coisas necessárias para atividades (p. ex: brinquedos, deveres da escola, lápis ou livros).
8. Distrai-se com estímulos externos.
9. É esquecido em atividades do dia-a-dia.
10. Mexe com as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira.
11. Sai do lugar na sala de aula ou em outras situações em que se espera que fique sentado.
12. Corre de um lado para outro ou sobe demais nas coisas em situações em que isto é inapropriado.
13. Tem dificuldade em brincar ou envolver-se em atividades de lazer de forma calma.
14. Não pára ou freqüentemente está a "mil por hora".
15. Fala em excesso.
16. Responde às perguntas de forma precipitada, antes de elas terem sido terminadas.
17. Tem dificuldade de esperar sua vez.
18. Interrompe os outros ou se intromete (p.ex. mete-se nas conversas / jogos).

(Adaptado do questionário SNAP-IV)

O TDAH na vida adulta
À medida que a criança cresce, ocorre uma diminuição progressiva dos sintomas, sendo que em cerca de 50% dos casos os sintomas desaparecem completamente ao chegar à idade adulta. Em 50% dos casos, persistem os sintomas, especialmente os de desatenção, não havendo mais mudanças na sua intensidade ao longo da vida adulta.
Para detectar a doença no adolescente ou no adulto, é utilizada basicamente a mesma lista de sintomas descritos para as crianças (vide TABELA), porém, adaptando-se para o contexto do adolescente ou adulto.
Nos adultos as queixas ocorrem principalmente no trabalho: desorganização, dificuldade para desempenhar tarefas que requerem longo período de concentração, dificuldade para cumprir horários e compromissos, dificuldade para permanecer sentado em reuniões (sensação "interna" de inquietação), perda ou esquecimento de objetos, tendência a tomar decisões "sem pensar", com arrependimento posterior.
É importante salientar que o diagnóstico de TDAH no adulto só é realizado se houver a história de TDAH desde a infância; portanto, o TDAH não começa na idade adulta. O diagnóstico do TDAH deve ser feito de forma criteriosa, por profissional tecnicamente capacitado, a partir das informações colhidas junto aos pais e professores e da observação minuciosa da criança.
No caso de adolescentes e adultos (que muitas vezes não se lembram de como eram quando crianças), é preciso recorrer àqueles que convivem com o portador de TDAH e que muitas vezes o observam de modo mais detalhado e percebem as suas falhas. Nas crianças os sintomas devem estar presentes por pelo menos 6 meses e devem ser nitidamente diferentes do que é esperado para uma criança da mesma idade.
Tratamento
O tratamento do TDAH na infância é muito importante, pois os prejuízos na vida da pessoa vão se acumulando ao longo do tempo. Há um desgaste muito grande dos pais e professores, essas crianças muitas vezes perambulam de escola em escola, sem conseguirem se adaptar às mesmas. Na adolescência é sabido que os portadores de TDAH têm um risco maior de fazer uso de drogas ilícitas (particularmente maconha e cocaína) e o uso de drogas diminui com o tratamento médico. No adulto os prejuízos profissional e pessoal são também bastante significativos, é freqüente que ele se sinta incapaz, tenha baixa auto-estima, pois está sempre aquém do que é capaz.
O tratamento do TDAH é feito com medicamentos que melhoram a atenção e diminuem a hiperatividade-impulsividade, independentemente da idade. São utilizados no nosso meio os psicoestimulantes (especialmente o metilfenidato) e alguns antidepressivos. O tratamento na criança é em longo prazo, com reavaliações periódicas para ver como está evoluindo o TDAH. Eventualmente a medicação poderá vir a ser suspensa se os sintomas melhorarem completamente ao longo dos anos. No adulto o tratamento é eficaz enquanto o medicamento está sendo utilizado, havendo uma volta à condição anterior se o tratamento é interrompido.
Alem da medicação, abordagens psicopedagógicas e comportamentais para as crianças e abordagens psicoterápicas para os adultos auxiliam no controle do TDAH e melhoram a capacidade da pessoa para enfrentar suas dificuldades cotidianas.


Prof. Dr. Mario R. Louzã
Médico psiquiatra e psicanalista, doutor em Medicina pela Universidade de Würzburg, Alemanha. Médico Assistente do Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSP.

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